A próstata, habitualmente é do tamanho de uma noz, situa-se por baixo da bexiga. Este órgão é responsável pela secreção de substâncias nutrientes e fluidificadoras do sémen, assim como pela sua emissão através da ejaculação. Este órgão é a sede de três patologias principais: o câncer da próstata, o adenoma da próstata (hiperplasia benigna da próstata) e a infecção da próstata (prostatite).
O câncer da próstata representa a 2ª causa de morte por câncer no homem*, atrás do câncer do pulmão, sendo porem o câncer mais frequente nesta população com mais de 50 anos. No Brasil estima-se que tenha uma incidência de 82 casos por 100 000 habitantes e uma mortalidade de 33 por 100.000 habitantes. Representa cerca de 3,5% de todas as mortes e mais de 10% das mortes por câncer.
- Envelhecimento
- Fatores familiares: risco 2 a 5 vezes superior nos homens com um familiar em 1º grau atingido pela doença
- Afrodescendentes
- Alimentação: ingestão excessiva de gorduras animais
- Outros fatores: obesidade, sedentarismo e tabagismo
O toque retal consiste na palpação da próstata através do reto, permitindo verificar o tamanho e a consistência do órgão, contribuindo para o diagnóstico de doenças prostáticas, incluindo o câncer.
O exame de PSA (Antigêno Específico da Próstata) é uma proteína mensurável numa análise sanguínea, produzida pela próstata e encontra-se elevada em caso de doença prostática. Podem verificar-se aumentos significativos e repentinos nos valores de referência, quando há presença de câncer da próstata, mas também em situações de inflamação ou infecção. A hiperplasia benigna da próstata também pode estar associada a um aumento do PSA.
O valor de referência máximo é de 4ng/mL, porém, este valor será apenas indicativo do grau de suspeita de câncer: nem sempre uma elevação do PSA significa a presença de câncer da próstata e o PSA inferior a 4ng/mL nem sempre poderá excluir um tumor clinicamente significativo. A dosagem do PSA é da mesma forma utilizada para monitorar a evolução de um câncer prostático.
Ultra-som transretal: é possível obter uma imagem da próstata assim como detectar algumas alterações da próstata. No entanto, devido à sua baixa especificidade e sensibilidade, esta técnica deverá sempre ser solicitada apenas como um complemento diagnóstico da doença.
Biópsia prostática: é a principal técnica capaz de confirmar o câncer. Quase exclusivamente guiada por ultra-som, são efetuadas várias punções do órgão. Este exame só deve ser reservado aos pacientes apresentando alterações do PSA associado a um toque retal suspeito ou a um ultra-som sugestivos de doença, já que não é desprovido de efeitos secundários, como hematúria e hematospermia.
Na maioria dos casos, numa fase precoce o câncer da próstata não apresenta qualquer sintoma. O diagnóstico sintomático é difícil, pois o câncer da próstata apresenta sintomas do trato genitourinário inferior comuns a outras patologias mais frequentes, tais como a hiperplasia benigna da próstata. Os sintomas podem ser: dificuldade em urinar (disúria), a necessidade de urinar frequentemente durante a noite (nictúria), micções dolorosas, a urgência miccional, desconforto ou dor pélvica, e eventualmente, ejaculação dolorosa.
Permanecem muitas dúvidas em relação ao aspecto preventivo. A combinação do PSA e do toque retal em pacientes assintomáticos permite o diagnóstico e o tratamento precoces, recomendando-se esta análise a partir dos 45 anos em pessoas sem fatores de risco estabelecidos.
Vigilância clínica: alguns casos em que o tumor se encontra confinado ao órgão, assintomático, pode representar uma opção válida, dado que em muitos doentes idosos o tumor nunca atingirá alguma relevância clínica. Poupa-se assim o paciente à administração de tratamentos com efeitos secundários importantes (disfunção erétil, incontinência urinária…).
Cirurgia: a prostatectomia radical permanece o “padrão ouro” do tratamento do câncer da próstata localizado, podendo ser realizada por cirurgia aberta ou por via laparoscópica-robótica. Nos casos de doença avançada pode recorrer-se à orquiectomia (retirada dos testículos), associada ou não a uma ressecção trans-uretral da próstata.
Radioterapia externa: radiação externa da próstata com raios Gama. Apresenta efeitos secundários semelhantes aos da prostatectomia radical. Representa também uma opção válida para os doentes com poucas condições operatórias.
Braquiterapia: técnica mais recente de radioterapia, consiste em implantar “sementes” radioativas diretamente no órgão sob o controle de ultra-som. Outras técnicas de tratamento localizado tais como a criocirurgia ou o HIFU são apenas reservadas a casos selecionados.
Terapêutica hormonal: o bloqueio androgênico, baseada na dependência do tumor na testosterona endógena, diminui o seu crescimento.
Quimioterapia: reservada aos estágios avançados.
Responsável atualmente por 9% das mortes por câncer entre homens, com o envelhecimento da população, o câncer da próstata, no futuro, irá atingir 10% dessa população. Se o diagnóstico precoce da doença ainda apresenta algumas dificuldades, a confirmação do mesmo por biópsia representa um novo desafio. A melhor opção terapêutica deverá sempre adequar ao controle da doença e às expectativas do paciente.
* Tal condicao é passivel de ser observada em qualquer pessoa com penis.