A palavra libido vem do latim e significa anseio ou desejo, mas acabou se tornando sinônimo de desejo sexual. A redução da libido ou do desejo sexual é algo bastante comum, mas, por vergonha, muitos acabam não indo ao médico para investigar e tratar esse quadro.
É bem verdade que, assim como vários outros aspectos do ser humano, não há um padrão único para definir o que caracterizaria um desejo sexual “normal”. O ser humano apresenta uma variedade muito grande nos graus de apetite sexual, que inclusive, para um mesmo individuo, pode variar muito ao longo da vida e das circunstâncias.
Assim, o que constitui baixo desejo sexual ou desejo hipoativo, é muito relativo. Só se considera um determinado comportamento sexual como patológico quando ele implica em redução de qualidade de vida do próprio individuo ou quando implica em disparidade marcante entre os desejos sexuais dos parceiros.
Não há um número específico de encontros sexuais considerado mínimo ou máximo. Uma pessoa pode transar duas ou três vezes por semana, e não se sentir saciado, uma outra pessoa pode transar uma só vez e se sentir plenamente satisfeito.
Em síntese, a libido varia de pessoa para pessoa, varia também ao longo da vida para uma mesma pessoa e pode variar ao longo do tempo para um mesmo casal. Além disso, um individuo que eventualmente está vivendo um baixo desejo com determinado parceiro, pode perfeitamente não experimentar essa condição com outro parceiro.
Tanto a libido como a capacidade de resposta aos estímulos eróticos variam muito entre os individuos. Algumas pessoas podem ser mais facilmente estimuladas, respondendo aos estímulos erógenos mais sutis, outras podem apresentar uma excitação menos “genitalizada” tendo maior influência de fatores emocionais e situacionais. A importância desses fatores varia muito com o contexto no qual o individuo está inserido, podendo ser mais ou menos relevantes em diferentes culturas, gerações, classe social, etc…
Com base nesses conceitos definiu-se o “desejo sexual hipoativo” como:
- A persistente ou recorrente deficiência (ou ausência) de: fantasias sexuais, pensamentos eróticos, desejo para atividade sexual (sozinho ou com o parceiro). *
- Inabilidade para responder aos sinais sexuais (iniciados pelo parceiro(a)) que poderiam ser esperados desencadeadores do desejo sexual. *
* Esses sintomas necessitam ser causa de angústia pessoal.
As causas orgânicas são pouco frequentes, tanto em indivíduos jovens como nos mais velhos. Na maioria das vezes, as causas de baixo desejo sexual não podem ser investigadas por exames médicos ou laboratoriais. Somente a história clínica detalhada a respeito da rotina pessoal, hábitos de vida, condições psico-emocionais e a própria investigação da saúde relacional dos parceiros poderá dar indícios do que está de fato acontecendo.
Além disso é fundamental avaliar ou uso de drogas (opióides, álcool) e medicações (benzodiazepínicos, antidepressivos tricíclicos, anti-psicóticos típicos, propranolol, metildopa, anti-histamínicos H2 e anti-androgenicos), já que estas substâncias podem levar a redução do desejo sexual.
Existem algumas condições clínicas que podem levar a distúrbios do desejo sexual, dentre estas condições podemos citar:
- Frequentes: DAEM (deficiência androgênica do envelhecimento masculino) e menopausa
- Comuns: hipotireoidismo e depressão
- Incomuns: tumores de hipófise
- Raras: Kallmann, Klinefelter e anorquia congênita
- Pós-cirurgico: ooforectomia bilateral e adrenalectomia bilateral
A avaliação e tratamento do D.S.H pode ser feito pelo Urologista ou Ginecologista. Estes profissionais irão tratar possíveis causas orgânicas, substituir medicações oportunamente e proceder com reposição hormonal, quando indicado. A terapia sexual ou psicoterapia, como ocorre nos demais distúrbios de ordem sexual, é fundamental para a resolução do D.S.H.